Bem Vindo ao Blog!

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Vamos respirar arte e filosofia.

domingo, 6 de dezembro de 2015

 
História da Semana
 
Presente das bodas de prata
 
 



 Certa vez um casal muito pobre e sem filhos.

     Ela fiava à porta da sua cabana pensando no marido. Toda a riqueza que ela possuía era uma bela cabeleira, gabada e invejada pelas mulheres da aldeia. Uma cabeleira negra, comprida, brilhante que brotava da sua cabeça como os fios de linho da sua roca.

     Ele ia ao mercado vender algumas frutas. Sentava-se à sombra de uma árvore a esperar, firmando entre os dentes o seu cachimbo vazio. O dinheiro não lhe chegava para uma pequena porção de tabaco.

     Aproximavam-se os 25 anos do seu casamento. Em anos anteriores, nessa data, nunca tinham oferecido nada um ao outro porque a pobreza não lhes permitia esse luxo.

     Mas agora tinha mesmo de ser. Vinte e cinco anos é uma data marcante que é preciso comemorar. Assim pensavam os dois em segredo sem falarem um ao outro sobre o assunto. Era preciso fazer uma surpresa.

     Uma ideia cruzou a mente da esposa. Sentiu um calafrio de alegria e tristeza ao pensar nela mas era a única maneira de conseguir algum dinheiro: venderia a sua cabeleira para comprar tabaco para o seu marido. Seria a melhor prenda que lhe podia dar. Ela imaginava-o já na praça, sentado atrás dos seus frutos, puxando longas cachimbadas e o fumo e evolar-se como aroma de incenso e jasmim a dar-lhe o prestígio e a solenidade de um grande comerciante.

     Só obteve pelo seu belo cabelo umas poucas moedas. Mas escolheu com cuidado o mais fino estojo de tabaco. O perfume das folhas enrugadas compensava largamente o sacrifício do seu cabelo.

     Ao cair da tarde regressou o marido. Vinha cantando pelo caminho.

     Trazia na sua mão um pequeno embrulho: eram alguns pentes para a sua mulher. Para obter dinheiro para os comprar tinha vendido o seu cachimbo…

Tradução livre de um poema de Tagore, in Almanaque Boa Nova 2008

 

domingo, 22 de novembro de 2015

 
 
HISTÓRIA DA SEMANA

Anjo Ariel em apuros

- ARIEL!!!
O grito pegou Ariel de surpresa, e ele quase caiu sentado. Olhou na direção do grito e viu um agitado Gabriel vindo na sua direção.
- Pois não, mestre Gabriel, respondeu, sem se alterar.
- Recebi pela centésima vez o mesmo pedido daquela garota que quer um marido! Já não era para você ter providenciado?
- Bem, senhor, tivemos alguns problemas e...
- Como, problemas? Como podemos honrar o "peça e receberás" deste jeito?
- Bem, é que a moça mesmo está impedindo, senhor.
- Agora vai culpá-la, é?
- Como o senhor bem sabe, dependemos em parte dos humanos para um bom atendimento. Se quiser, posso contar-lhe o que já fizemos.
- Muito bem, conte-me. Gabriel já estava completamente calmo.
- Assim que recebemos o primeiro pedido, fizemos uma pesquisa e identificamos um par ideal para ela. No dia propício, em que ele estaria em um bar, sussurramos à moça uma sugestão para sair de casa e ir até o bar. Ela aceitou bem. Lá no bar, providenciamos um esbarrão, o rapaz tentou uma conversa, mas ela recusou-se a qualquer papo, argumentando consigo mesma que não era mulher de dar papo para estranhos. Nada pudemos fazer.
- Aí, esperaram um novo pedido.
- Sim. Ela o fez na sua igreja, uma semana depois. Mas o "escolhido" já tinha se envolvido com outra moça, muito boa, por sinal, e procuramos outro.  Achamos. Desta vez a estratégia foi provocar uma pequena batida dele no carro dela. Coisa insignificante. Só que ela desceu do carro muito irada, disse uns palavrões e pra falar a verdade, sequer olhou para o rosto dele. Observamos que ela internamente estava visualizando um rosto distorcido, e não o do homem que estava à sua frente.
- Mas vocês não previram esta reação?
- Sabíamos que era uma opção possível. Infelizmente, foi a que ela escolheu. Bem, o homem ficou queimado de vez com ela, que não é do tipo que perdoa facilmente.
- Poderia ser interferências cármicas? Como está o merecimento dela?
- Está suficiente, mas não o bastante para o atendimento automático.
- Bem, depois da igreja, foi aquele apelo desesperado, não?
- Sim, ela dizia que não aguentava mais. Nossa equipe fez de novo a pesquisa, e localizamos um candidato, que inicialmente não lhe pareceria tão bonito quanto queria mas, se conseguíssemos um contato mais prolongado, as chances seriam boas. Conseguimos que os dois trabalhassem no mesmo andar. O rapaz conheceu-a, interessou-se e convidou-a para sair. Você acredita que ela se fez de difícil? Ele então ficou desinteressado; ainda tentamos inspirar-lhe persistência, e ele tentou novamente, novamente foi esnobado e desistiu. Como não podíamos interferir novamente, aguardamos novo pedido.
- Qual foi o diagnóstico, até aqui?
- Temos obstáculos sérios com relação a algumas crenças dessa moça, muito estáveis e firmes. Por exemplo, ela acha que se se fizer de difícil, atrairá mais atenção. Como não tem observado o resultado dos seus comportamentos ao aplicar essa opção, não consegue atualizar essa regra. Outro ponto difícil é o foco excessivo em si mesma; ela ainda não percebeu que pode manter duas referências simultâneas. Um ponto significativo é uma crença da qual ela não tem consciência, de que não merece o melhor, veja só. De maneira geral, as suas crenças e regras, e não o resultado desejado, têm prevalecido, e nossa atuação em sua intuição não é percebida.
- Já tentaram abalar toda essa firmeza? Ela seria beneficiada como um todo, com um pouco mais de flexibilidade.
- Tentamos, mas ela teve uma reação inesperada: interpretou que estava desestruturada e com problemas, sentiu-se muito mal e tivemos que parar. Pareceu-nos que ela não suportaria a fase de transição. Você sabe que esse tipo de rigidez quase sempre só é quebrado com a ajuda de algum tipo de dor. Como o bom carma dela impede dores nesse nível, mesmo que transitórias, temos um círculo vicioso. A menos que ela própria perceba, não haverá meios de melhorar este aspecto.
- É, Ariel, temos um caso difícil. Precisamos prever melhor as reações dela, e evitar novos fracassos no futuro. Há novo pedido?
- - Sim, mas o último veio mais fraco, ela está com a fé abalada. Isto piora nossas chances. Antes tivesse a mesma rigidez nisso também.
- Temos que achar um jeito que funcione. Pense em algo.

 - ARIEL!
- Sim, mestre.
- O que vocês fizeram? Ela está se casando! Sinto que não fizeram coisa boa.
- Bem, fizemos uma pequena concessão neste caso. Ela estava numa festa, e conversava com um candidato muito bom e dócil às nossas sugestões.  Mas as projeções de possibilidades que ela estava fazendo de si mesma com o moço indicavam que logo ia dispensá-lo. Interferimos em seus pensamentos colocando imagens de estar com ele e conversar alegremente, de dançar e outras coisas que sabíamos que seriam prazerosas para ambos. As emoções resultantes imediatamente aumentaram sua atração, e os dois acabaram se beijando. Dentro das crenças dela, o beijo no primeiro encontro significa compromisso, e o relacionamento foi mantido. Acha que fizemos mal, mestre?
- A interferência provocou outros efeitos em sua liberdade de escolha?
- Não. Observamos isto. Outros contextos de suas representações internas continuaram com as mesmas opções de antes.
- Foi induzida alguma emoção limitante?
- Um pouco de culpa, logo sobrepujado pelo contentamento. Quando voltarem explicaremos tudo.
- Serão felizes para sempre?
- É, mestre, você tem vindo pouco à Terra!  

 

segunda-feira, 16 de novembro de 2015


Historia da semana
 
 
GANDHI E O PROFESSOR ARROGANTE



Certa vez, enquanto Gandhi estudava Direito no Colégio Universitário da London University de Londres, um professor de sobrenome Peters tinha-lhe aversão, mas o estudante Gandhi nunca baixou a cabeça e os seus encontros eram frequentes.

Um dia Professor Peters estava a almoçar na sala de jantar da Universidade e o aluno vem com a bandeja e senta-se ao lado do professor.

Professor, altivo, diz:

- "Sr. Gandhi você não entende ... Um porco e um pássaro, não se sentam juntos para comer."

Ao que Gandhi respondeu:

- "Fique o professor tranquilo ... Eu vou voando", e mudou-se pra outra mesa.

Mr. Peters ficou cheio de raiva e decidiu vingar-se no teste seguinte, mas o aluno respondeu de forma brilhante a cada pergunta. Então o professor fez mais uma pergunta:

- "Mr. Gandhi, você está andando na rua e encontra um saco, dentro dele está a sabedoria e uma grande quantidade de dinheiro, qual dos dois tira?"

Gandhi responde sem hesitar:

- "É claro professor que tiro o dinheiro!"

O professor Peters sorrindo diz:

- "Eu, ao contrário, tinha agarrado a sabedoria, você não acha?"

- "Cada um tira o que não tem." responde Gandhi.

O professor Peters, fica histérico e escreve no papel da pergunta: Idiota!

E o jovem Gandhi recebe a folha e lê atentamente.

Depois de alguns minutos dirige-se ao professor e diz:

- "Mr. Peters, reparo que assinou a minha folha, mas não colocou a nota?"

E você? Costuma reagir com a mesma serenidade e perspicácia às ofensas que recebe?

segunda-feira, 1 de junho de 2015

História da Semana : As janelas douradas


O menino trabalhava arduamente durante todo o dia, no campo, no estábulo e no armazém, pois os pais eram fazendeiros pobres e não podiam pagar a um ajudante. Mas, quando o sol se punha, o pai deixava-lhe aquela hora só para ele. O menino subia ao alto de um morro e ficava a olhar para um outro morro, distante alguns quilômetros. Nesse morro, via uma casa com janelas de ouro e de diamantes. As janelas brilhavam e reluziam tanto que ele era obrigado a piscar os olhos. Mas, pouco depois, ao que parecia, as pessoas da casa fechavam as janelas por fora, e então a casa ficava igual a qualquer outra casa. O menino achava que faziam isso por ser hora de jantar; então voltava para casa, jantava e ia deitar-se. Um dia, o pai do menino chamou-o e disse-lhe:

— Tens sido um bom menino e ganhaste um dia livre. Tira esse dia para ti; mas lembra-te: tenta usá-lo para aprenderes alguma coisa boa.

O menino agradeceu ao pai e beijou a mãe. Em seguida partiu, tomando a direção da casa das janelas douradas.

Foi uma caminhada agradável. Os pés descalços deixavam marcas na poeira branca e, quando olhava para trás, parecia que as pegadas o seguiam, fazendo-lhe companhia. A sombra também caminhava ao seu lado, dançando e correndo, tal como ele. Era muito divertido.

Passado um longo tempo, chegou ao morro verde e alto. Quando subiu ao topo, lá estava a casa. Mas parecia que haviam fechado as janelas, pois ele não viu nada de dourado. Aproximou-se e sentiu vontade de chorar, porque as janelas eram de vidro comum, iguais a qualquer outra, sem nada que fizesse lembrar o ouro.

Uma mulher chegou à porta e olhou carinhosamente para o menino, perguntando o que ele queria.

— Eu vi as janelas de ouro lá do nosso morro — disse ele — e vim de propósito para as ver de perto, mas elas são de vidro!

A mulher meneou a cabeça e riu-se.

— Nós somos fazendeiros pobres — disse — e não poderíamos ter janelas de ouro. E o vidro é muito melhor para se ver através dele!

Convidou o menino a sentar-se no largo degrau de pedra e trouxe-lhe um copo de leite e uma fatia de bolo, dizendo-lhe que descansasse. Chamou então a filha, que era da idade do menino; dirigiu aos dois um aceno afetuoso de cabeça e voltou aos seus afazeres.

A menina estava descalça como ele e usava um vestido de algodão castanho, mas os cabelos eram dourados como as janelas que ele tinha visto e os olhos eram azuis como o céu ao meio-dia. Passeou com ele pela fazenda e mostrou-lhe o seu bezerro preto com uma estrela branca na testa; ele falou do bezerro que tinha em casa, e que era castanho-avermelhado com as quatro patas brancas. Depois de terem comido juntos uma maçã, e se terem tornado amigos, ele fez-lhe perguntas sobre as janelas douradas. A menina confirmou, dizendo que sabia tudo sobre elas, mas que ele se tinha enganado na casa.

— Vieste numa direção completamente errada! — exclamou ela. — Vem comigo, vou-te mostrar a casa de janelas douradas, para ficares a saber onde fica.

Foram para um outeiro que se erguia atrás da casa, e, no caminho, a menina contou que as janelas de ouro só podiam ser vistas a uma certa hora, perto do pôr-do-sol.

— Eu sei, é isso mesmo! — confirmou o menino.

No cimo do outeiro, a menina virou-se e apontou: lá longe, num morro distante, havia uma casa com janelas de ouro e de diamantes, exatamente como ele tinha visto. E quando olhou, o menino viu que era a sua própria casa!

Apressou-se então a dizer à menina que precisava de se ir embora. Deu-lhe a sua melhor pedrinha, a branca com uma lista vermelha, que trazia há um ano no bolso. Ela deu-lhe três castanhas- da-índia: uma vermelha acetinada, outra pintada e outra branca como leite. Ele deu-lhe um beijo e prometeu voltar, mas não contou o que descobrira. Desceu o morro, enquanto a menina ficava a vê-lo afastar-se, na luz do sol poente.

O caminho de volta era longo e já estava escuro quando chegou a casa dos pais. Mas o lampião e a lareira luziam através das janelas, tornando-as quase tão brilhantes como as vira do outeiro. Quando abriu a porta, a mãe veio beijá-lo e a irmãzinha correu a pendurar-se-lhe ao pescoço; sentado perto da lareira, o pai levantou os olhos e sorriu.

— Tiveste um bom dia? — perguntou a mãe.

— Sim! — o menino passara um dia ótimo.

— E aprendeste alguma coisa? — perguntou o pai.

— Sim! — disse o menino. — Aprendi que a nossa casa tem janelas de ouro e de diamantes